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domingo, 10 de fevereiro de 2019

Princesa Isabel- Mil tronos eu tivesse, mil tronos eu daria para libertar os escravos do Brasil

Às 18h:30min, do dia 29 de julho de 1846, no Palácio São Cristóvão, Rio de Janeiro, nasceu Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon. Isabel foi a primeira filha do Imperador do Brasil, Dom Pedro II, e da imperatriz Dona Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias.

D. Afonso Pedro nasceu quando Pedro II tinha 19 anos de idade, no dia 23 de fevereiro de 1845, futuro sucessor do trono, D. Afonso faleceu, após uma sequência de convulsões no dia 11 de junho de 1847, deixando a princesa Isabel como herdeira presuntiva do trono, entretanto com o nascimento de outro homem, Pedro Afonso, em 19 de julho de 1848, a princesa deixou o posto de herdeira do trono, até que ocorreu outra fatalidade, Pedro afonso faleceu no dia 9 de janeiro de 1850. Pedro II e Teresa Cristina tiveram apenas mais uma menina, D. Leopoldina (Rio de Janeiro, 13 de julho de 1847). Isabel tornou-se aos quatro anos de idade a herdeira oficial na sucessão do trono imperial do Brasil.

As tradições da corte brasileira exigiam que o herdeiro do trono tivesse um tutor que ficaria encarregado da educação a partir dos sete anos de idade. Depois de muita procura D. Pedro II designou como a primeira preceptora Luísa Margarida de Barros, Condessa de Barral, filha do Embaixador Domingos Borges de Barros e esposa de um nobre francês. A princesa apresentava grande interesse pelos estudos e assim, ela via transcorrer sua juventude entre aulas que incluía literatura (portuguesa e francesa), astronomia, química, a história de Portugal, Inglaterra e França, desenho, dança, piano, economia política, geografia, geologia e a história da filosofia.

No dia 29 de julho de 1860, a princesa com 14 anos, obedecendo a Constituição, presta juramento de "manter a religião católica, observar a constituição política do País e ser obediente às Leis e ao Imperador". Em 15 de outubro 1864, quatro anos depois de ter prestado juramento solene perante as câmaras, no Rio de Janeiro, então com 18 anos, se unia ao conde d'Eu, Luís Filipe Maria Fernando Gastão, de 22 anos, em meio a grandes festanças na Capela Imperial do Rio de Janeiro por D. Romualdo Antônio de Seixas, o Arcebispo da Bahia. Depois de casada o nome completo da Princesa  ficou: Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bourbon-Duas Sicílias e Bragança. Embora seu casamento foi arranjado, como era comum entre a nobreza da época, não foi um empecilho para que os dois logo se apaixonassem.

Hermes Vieira afirma: o Conde d'Eu se sentia bem ao lado dela. Era simples, boa, afetuosa e pura. Possuía uma voz bem educada e tocava piano com sentimento e graça. Tinha uma sadia ingenuidade, uma singeleza de ideias, quer dizer, uma clareza de ideias admirável, além de muita sensibilidade. Isso, sem falar dos seus talentos, da sua instrução pouco comum para a época. Dominava corretamente o francês, o alemão e o inglês. Formaram até o fim da vida um casal unido.

Ao completar 25 anos em 1871, a Princesa foi eleita a primeira Senadora do país conforme a Constituição Brasileira de 1824. Além disso, foi a terceira chefe de Estado brasileiro e chefe de governo após sua avó, a Imperatriz Leopoldina e sua trisavó, a rainha Maria I. A princesa era conhecida Como "A Redentora", pela sua luta pelo fim da escravidão no país.

Em 15 de outubro de 1875, nasceu seu primeiro filho, Pedro de Alcântara, Príncipe do Grão-Pará, Pedro renunciou ao posto de herdeiro dinástico. Assim, a Princesa Isabel comunicou e enviou por carta ao Diretório Monárquico no Brasil, uma cópia do documento de renúncia, afirmando também que o herdeiro era de então em diante seu segundo filho, D. Luís Maria Filipe que nasceu, em 26 de janeiro de 1878. D. Luís tinha todas as qualidades para ser Imperador do Brasil, caráter e personalidade semelhantes aos de D. Pedro II, seu avô, e a bondade generosa da Princesa Isabel, postura de estadista. Luís veio a falecer em 1920, por causa da epidemia de gripe espanhola, seu sucessor foi D. Pedro Henrique, seu filho primogênito. D. Pedro Henrique teria sido nosso Imperador como D. Pedro III. Hoje, é o bisneto da Princesa Isabel, D. Luís Gastão, que ocupa a Chefia da Casa Imperial do Brasil. Em caso de restauração da monarquia, D. Luís Gastão será nosso Imperador D. LUÍS I.

Foi durante a sua primeira regência, no mesmo ano, que a Princesa, junto ao Visconde do Rio Branco, que era chefe do Gabinete, sancionou a Lei do Ventre Livre, que foi promulgada, em 28 de setembro. A lei assegurava que crianças filhos(as) de escravas que nascessem a partir do dia 28 de setembro de 1871 estariam livres. Em sua Segunda Regência, entre os anos de 1876 e 1877, houve a terrível seca do Nordeste e um forte embate político-religioso entre os maçons e o os católicos. Uma grande pressão pública recaía sobre Isabel. Com mais experiência e já na terceira regência, entre os anos de 1887 e 1888, a Princesa Isabel, aderiu a campanha abolicionista  que contava com o apoio de vários setores da sociedade para o fim da escravidão, que era uma necessidade nacional. A princesa aliou-se aos movimentos populares e aos partidários da abolição da escravatura, passando a se envolve com outros abolicionistas como André Rebouças e Joaquim Nabuco. Nesse período, ela entrou em confronto direto com o Ministro Barão de Cotegipe, escravocrata, que não era favorável à extinção do escravismo, dizendo à princesa que se caso ela realizasse a abolição, lhe restaria partir em um navio, deixando o país.No dia 5 de janeiro de 1887, a princesa aceitou a renúncia do gabinete escravocrata do Barão de Cotegipe e designou primeiro-ministro o abolicionista e conselheiro João Alfredo. 

No dia 13 de maio de 1888, a Redentora, assina oficialmente a Lei Imperial n.º 3.353, conhecida com Lei Áurea extinguindo a escravidão no Brasil, a Lei foi votada e aprovada em definitivo, um pouco antes das treze horas, e, no mesmo dia, levada à sanção da princesa regente do Brasil Dona Isabel.

Lei n.º 3.353 de 13 de maio de 1888
"Declara extinta a escravidão no Brasil
A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembleia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:
Art. 1°: É declarada extincta desde a data desta lei a escravidão no Brazil.
Art. 2°: Revogam-se as disposições em contrário.
Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nella se contém.
O secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Comercio e Obras Publicas e interino dos Negócios Estrangeiros, Bacharel Rodrigo Augusto da Silva, do Conselho de sua Majestade o Imperador, o faça imprimir, publicar e correr.
Dada no Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1888, 67º da Independência e do Império.
Princesa Imperial Regente.
Carta de lei pela qual Vossa Alteza imperial manda executar o decreto da assembleia geral, que houve por bem sancionar declarando extinta a abolição no Brasil, como nela se declara."

Depois deste feito heroico, a Princesa Isabel sabia que a consequência seria a perda do trono e a queda da Monarquia. Após a assinatura, realizou-se grande festa no Rio de Janeiro, com grandes aclamações do povo. Estando na janela do palácio, a Princesa Isabel junto ao barão de Cotegipe que a estimava, embora estivessem em desacordo na questão da escravidão, ela perguntou-lhe: Então, Senhor barão, V. Excia. acha que foi acertada a adoção da lei que acabo de assinar?. Ao que o barão, com muito carinho, respondeu: Redimistes, sim, Alteza, uma raça, mas perdestes vosso trono. 

Após o Golpe Republicano que destronou D. Pedro II, em 15 de novembro de 1889, a Princesa Isabel e toda a família real exilaram-se na França. Com a morte de Dom Pedro II em 1891 em Paris, a Princesa Isabel estaria cotada para assumir o trono. Muitos movimentos exigiam a restauração da monarquia no Brasil, e nesse contexto Isabel preferiu evitar derramamento de sangue e resignou-se a não ser imperatriz do Brasil, em um bilhete endereçado ao João Alfredo, ela dizia: ''Meu pai, com seu prestígio, teria provavelmente recusado a guerra civil como um meio de retornar à pátria... lamento tudo quanto possa armar irmãos contra irmãos... É assim que tudo se perde e que nós nos perdemos. O senhor conhece meus sentimentos de católica e brasileira."

Arguida, já no exílio, que se adivinhasse que perderia o Trono, teria assinado a Lei? Respondeu: "Quantos tronos houvesse a cair, eu não deixaria de assiná-la.”

Ela faleceu em 14 de novembro de 1921 no Castelo d'Eu, em Paris. Esses últimos dias foram dedicados à família e obras de caridade da Igreja Católica. Seu marido morreu um ano depois no Rio de Janeiro, no dia 28 de agosto de 1922. Seus restos mortais foram transladados para o Rio de Janeiro, no dia 6 de julho de 1953 e colocados no Mausoléu da Catedral de Petrópolis, onde estava sepultado o Conde d’Eu.


Referências: 
FERNANDES, Cláudio. "Seis fatos curiosos sobre a Princesa Isabel"; Brasil Escola. Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/historiab/seis-fatos-curiosos-sobre-princesa-isabel.htm>. Acesso em 10 de fevereiro de 2019.
Calmon, Pedro (1975). História de D. Pedro II. 1–5. Rio de Janeiro: J. Olympio. OCLC 3630030
Carvalho, José Murilo de (2007). D. Pedro II: ser ou não ser. São Paulo: Companhia das Letras. ISBN 978-85-359-0969-2
https://www.portalsaofrancisco.com.br/calendario-comemorativo/dia-do-nascimento-da-princesa-isabel
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra28702/os-filhos-da-princesa-isabel-dom-luis-dom-pedro-e-dom-antonio-petropolis-rj
https://www.ebiografia.com/princesa_isabel/

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